Diana Rosa

por Diana Rosa

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Era no número 87 da Via del Governo Vecchio, em Roma, que se comia o melhor tiramisu alguma vez provado. Feito na hora, com um creme de uma textura rica e aveludada, e com um forte aroma a café, era uma sobremesa de comer e chorar por mais. Esta é a história de um tiramisu que quase fez duas amigas perderem um voo de regresso a casa. Mas comecemos pelo início.

Num belo dia de setembro, duas jovens amigas, sedentas de aventura e de desejo de conhecer novos lugares, rumaram em direção a Roma. Sendo uma cidade que respira história, rapidamente se deixaram embrenhar pelas suas ruas e vielas, pelos seus monumentos e pelas suas gentes. Numa dessas deambulações, encontraram um restaurante, do qual já tinham ouvido falar, e decidiram entrar. E foi aí, como que por magia, que viajaram através dos sentidos numa experiência gastronómica inesquecível. E, apesar de tudo o que provaram ser absolutamente delicioso, é o tiramisu que as faz ter a certeza de que não se podem ir embora sem lá voltar.

Decidiram fazê-lo no último dia da viagem, para que a despedida da capital italiana fosse o mais doce possível. E, como “quem vai a Roma quer ver o Papa”, foi neste dia que escolheram ir ao Vaticano com o desejo de assistir à aparição do Papa na janela da Basílica. Debaixo de um sol tórrido, esperaram e esperaram. Até que perceberam que não podiam perder mais tempo, pois tinham uma viagem para fazer, e, sobretudo, um tiramisu para degustar. Decidiram, então, ir almoçar. Também a tão desejada sobremesa fez-se esperar, já que era feita na hora. A espera compensou, o estômago estava aconchegado, as papilas gustativas deliciadas e a alma preenchida.

No entanto, o tempo tinha passado demasiado depressa e estavam a ficar muito atrasadas. Correram para o hotel para apanhar as malas e, depois, para a estação ferroviária, onde apanhariam o comboio que as levaria ao aeroporto. Compraram o bilhete na máquina automática e, quando chegaram à linha, o comboio estava a partir. Pânico! Não tinham tempo para esperar pelo próximo comboio. A solução era ir de táxi. Assim o fizeram. Mas o trajeto era bastante longo e perceberam que iria sair muito caro. Quando chegaram ao aeroporto não tinham dinheiro suficiente para pagar o táxi. Perguntaram se podiam pagar com cartão, o motorista disse que não. Uma delas correu para dentro do aeroporto à procura de uma caixa multibanco. O tempo a passar. Quando, finalmente, conseguiu levantar dinheiro e chegar junto do táxi para pagar, o motorista tirou um terminal de pagamento automático do porta luvas. Afinal, podiam ter pago com cartão. Pagaram uma pequena fortuna pela viagem de táxi. Pegaram nas malas e correram novamente, passaram a segurança, atravessaram os corredores do aeroporto, até que finalmente chegaram à porta de embarque, exaustas, mas a tempo.

Foi, provavelmente, o tiramisu mais caro de sempre, mas foi também aquele do qual estas duas amigas nunca mais se esquecerão, e cuja memória vão para sempre partilhar.

About the Author: Diana Rosa
Diana Rosa
Eterna sonhadora e sempre em busca de novas aventuras, é nos livros e nas viagens que encontra alguns dos seus maiores prazeres. Trabalha com números, mas são as letras que lhe fazem sentido. Tem na família e nos amigos o seu porto de abrigo. Sonha, um dia, escrever um livro e tornar-se eterna na memória de quem, um dia, leu as suas palavras.

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