Sónia Brandão

por Sónia Brandão

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O irónico, na vida, é que sempre atraímos aquilo que refletimos para o mundo. Se estamos num momento bom da vida, inevitavelmente vamos atrair pessoas que nos elevam a autoestima, que nos põem para cima, que nos fazem sentir queridos. Quando o contrário acontece, o resultado é o mesmo. Os espelhos que nos rodeiam mostram-nos o nosso melhor e o nosso pior.

A nossa realidade é um espelho direto daquilo que temos em nós. Se sorrirmos para a vida, ela devolve-nos gargalhadas infinitas. Se entregarmos lágrimas, ela devolve momentos ainda mais amargos. Se os sentimentos que nos habitam são negativos para com o próximo, por mais que tentemos iludir-nos, aquilo que nos vai ser entregue vai ser amargura, e mais momentos pouco agradáveis, porque, no fim do dia, nada, nem ninguém nos vai fazer sentir bem, connosco, nos momentos de silêncio, dentro da nossa mente. Aquilo que refletimos é sempre devolvido de uma ou de outra forma.

Não escolhemos a nossa forma de ser, nem as adversidades da vida, mas podemos, sim, escolher como devemos encará-las. Devemos sempre pensar em como cada dia pode fazer mais e mais sentido, devolver sorrisos, devolver palavras agradáveis às pessoas que nos são próximas — e ainda mais àquelas que somente encontramos por breves momentos da nossa existência.

Acreditando que vivemos num mundo cheio de espelhos, que nos mostram aquilo que damos, aquilo que somos, temos mesmo que analisar o nosso comportamento para que tudo faça sentido.

E perceber o porquê de atrairmos determinadas coisas para nós, mesmo quando não o pretendemos. Por vezes, necessitamos de encarar aquilo que o espelho nos mostra, mesmo quando não gostamos do que nos devolve — principalmente quando não gostamos —, porque precisamos de ver aquilo que somos, aquilo em que nos transformamos, num determinado momento de mudança, onde quem somos foi perdido. Só assim nos poderemos encontrar e reconstruir para voltarmos a ser quem queremos, quem somos.

Mudar aquilo que transmitimos aos outros só é válido quando nos mostramos sem máscaras, sem defesas, com verdade; quando mostramos a alma que nos guia, e deixamos o jogo da encenação. Quando esse dia chega, essa paz aparece, os espelhos da vida mostram as verdades com toda a honestidade necessária.

Percebemos, no fim, que tudo tem um sentido, mesmo que não o compreendamos de imediato. A isso chama-se viver, ser feliz em determinado momento — e aprender muito, quando as coisas não são tão boas.

 

About the Author: Sónia Brandão
Sónia Brandão
Apaixonada por palavras, aprendeu, desde nova, a criar realidades paralelas na sua mente — onde tudo era possível. "Amor de Perdição" foi o primeiro livro que leu. Tinha 13 anos e foi a mãe que lho sugeriu para se ocupar. Desde então, nunca mais parou de ler. Durante alguns anos, no entanto, parou de escrever: sentiu que tinha deixado de fazer sentido. Mas o confinamento fê-la regressar à escrita com mais força e determinação. Este ano, surgiu a vontade de partilhar com os outros o que coloca no papel.

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