por Sónia Brandão

Ser livre?
O que é ser livre?
Viver o que se quer, quando se quer, sem as amarras do socialmente aceitável?
Ou será somente a extensão de quem somos, no meio das muitas amarras que criamos ao longo da vida?
«A minha liberdade termina quando começa a do outro.»
Verdade, porque a nossa liberdade não pode existir quando precisamos de redefinir a do outro.
Hoje, cada vez mais, se confunde liberdade com vontade.
A vontade de fazer algo, de viver no limite, não é liberdade — trata-se de uma escolha consciente de alguém que vive num mundo livre.
Se o mundo atual não nos desse essa escolha, pouco importava a liberdade que tivéssemos.
Ser livre é poder viver as escolhas que fazemos, nos mais variados momentos, com a consciência de que foi por ali que caminhámos.
Ser livre é ter respeito pelo próximo, é respeitar as diferenças, sem que as mesmas nos sejam impostas.
Ser livre é escolher.
Tudo é uma escolha.
Manter pessoas ao nosso redor, que nos sabotam conscientemente, é uma escolha.
Mantermo-nos em caminhos dolorosamente errados é uma escolha, por mais difícil que seja recalcular a rota.
Enganar-nos, dizendo que tudo está bem, é uma escolha.
Optar pelo seguro, sem acreditar na mudança, é uma escolha criada pelo medo.
A liberdade dá-nos escolhas, mesmo que, ainda hoje, o facto de ser mulher limite parte da minha liberdade – porque ainda vivemos num mundo dito livre, onde as mulheres são, muitas vezes, subjugadas à vontade dos outros — principalmente de homens que não acreditam nessa igualdade.
Mas, hoje, somos todas mais livres.
Livres para falar. Livres para pensar. Livres para agir. Livres para viver.
Respeitando a liberdade de cada um, mas sem nunca esquecer que a nossa também existe.