por Sónia Rosa
Há pessoas, com as quais nos cruzamos na vida, que parece que têm o dom de nos maravilhar e de fazer sobressair o que de melhor há em nós. Reflexo ou vislumbre da alma, desconhecemos. O que sentimos, porém, é que enaltecem as mais profundas caraterísticas da nossa essência, numa profunda conexão e harmonia. O que há, em nós, de mais genuíno parece entrosar-se em perfeita sintonia com o que de mais genuíno o outro tem a oferecer. Esta interação é raríssima, e os privilegiados, que já tiveram o benefício de a sentir, foram tocados pela subtileza da vida e pela profundidade do toque da alma humana.
Nem sempre é fácil vivermos de acordo com a nossa essência mais genuína, em total respeito pela nossa identidade e autenticidade. Observo pessoas a doarem-se, em desmesurado esforço, só para sentirem atenção e aceitação, a concordar só para se sentirem pertença de um grupo, equipa ou organização. Outros, até, a desrespeitarem os seus ideais em nome de aprovação social ou normalização, seja lá o que quer que isso signifique. Outros, ainda, são tão moldáveis, que nem sei sequer se ainda sabem qual é o molde original. Flexibilidade é necessária, mas equilíbrio é respeito e hipocrisia é demasia.
Essência é harmonia, é luz, é poesia. É uma dança de emoção e razão, mais ritmada ou mais espaçada, respeitando o estilo e o contexto, concertante ou desconcertante, mas mantendo a unicidade em todo o seu fulgor. Nos locais onde a nossa essência não ressoa, nem é convidada para entrar, é preferível outro lugar ir procurar e a diferença respeitar. Essência é simplicidade, liberdade e verdade!
Em tempos de algumas liberdades e uns tantos condicionamentos, que possamos ter a coragem e a energia necessárias para sonhar, viver, trabalhar e amar onde o nosso coração encontrar casa para morar.
A nossa essência agradece e a alma engrandece!