Ana Guilherme Martins

por Ana Guilherme Martins

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Lembra-te da razão pela qual começaste, quando a motivação e o entusiasmo desvanecerem e a vontade de desistir te passar pela cabeça.

Esta semana, numa conversa sobre o esforço necessário para se levar a cabo um projeto, a minha amiga e eu falamos de não termos o tempo todo, nem a certeza, nem a motivação necessárias. Isto porque, embora nem todas as ideias sejam simples, muitas delas são certamente pertinentes. Porém, é preciso embarcar!

No início, aparenta-se fácil, mas é sol de pouca dura.

A novidade resulta em grande excitação que, por sua vez, com o cansaço, se vai desvanecendo em desmotivação. Já para não mencionar o descrédito da ideia. Ora, é neste momento concreto que precisamos de insistir. Se apelarmos à perseverança, é bem possível reencontrar o entusiasmo inicial. Mas a que ferramentas recorrer para sermos bem sucedidos neste esforço?

Isto lembrou-me o caminho que percorria a pé, desde a escola até a casa.

Era sempre a subir. Quando saía da escola, ia sempre com grande entusiasmo para voltar para o meu mundo. Os primeiros passos eram quase aos pulos de contentamento. Mas, quando dava por mim a iniciar a subida, perdia o fôlego e a vontade.

Era aqui que me apetecia estalar os dedos e chegar, como que por magia. Então, concentrava-me no chão. Olhava para o chão e desfocava a paisagem e o percurso que ainda tinha a fazer. Assim criava pequenos sprints. Acontecia-me determinar correr até certo poste, caixote do lixo, carro estacionado, qualquer objeto estático que se encontrava no mesmo passeio. Também estipulava, para com os meus botões, chegar a um certo prédio antes do veículo pesado que lá vinha, por exemplo.

E estes curtos objetivos permitiam-me desfocar do longo caminho que ainda tinha pela frente e concentrar-me nestas pequenas vitórias.

Mini corrida atrás de mini corrida, de foco bem apertado, quando dava pela minha localização, já estava à porta de casa.

Porque hoje continuo a correr, à semelhança desta modesta maratona diária, nos meus projetos atuais também estipulo alvos a curto e médio prazos. Quando a meta surge como uma realidade longínqua e inatingível, centro-me nos pequenos passos diários, ou seja nos objetivos a curto prazo.

Assim, dia após dia, ainda que por pequenas distâncias, avanço no caminho.

About the Author: Ana Guilherme Martins
Ana Guilherme Martins
Cresceu entre Portugal e França. Quanto mais lê, mais vontade tem de escrever. Vê-la feliz sempre foi tarefa simples: bastava um papel e uma caneta. Frequentou o curso de Línguas e Literaturas Modernas, mas foi na produção técnica televisiva que trabalhou quase toda a vida. Com a ternura dos 40, uma reflexão profunda levou-a a mudar de rumo e a seguir a sua paixão. Hoje é professora de línguas e autora de «Julieta, a Borboleta de Jaqueta» e «Um dia vais perceber».

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