por Inês Biu Faro

Escrevo para te dizer… que te amo!
Não é todos os dias que o dizes a ti mesma, pois não? Pois, devias criar um novo hábito: o de dizeres que te amas, que és grata por existires e viveres esta vida – seria difícil lembrares-te de alguma reencarnação (risos).
Quantas vezes é que te amas pelo quão fantástica és? Quantas vezes te amas pelas pequenas coisas que te aquecem o coração? Está na hora de mudarmos isto, não está? Está!
Uma memória boa que surgiu como um raio de sol: ama-te por isso, pela tua capacidade de criares boas memórias para ti mesma e conseguires recordá-las sem qualquer esforço.
Um abraço a uma pessoa especial: ama-te por isso, pela tua vontade de dar e receber amor, por estares a aprender que o amor que recebes de volta é o que os outros conseguem dar de si e que nunca será na proporção que pedes — às vezes, até é mais do que tu dás.
Um sorriso infantil no meio da azáfama do metro: ama-te por isso, por reagires a um sorriso no meio de cansaços e irritações, por sorrires de volta e receberes a tua criança interior, dando-lhe vez e voz.
Algo que provaste e te encheu o estômago que roncava: ama-te por isso, pela tua fome de comer, de apreciar, de viver!
Um slogan, uma publicidade, uma frase solta ou palavras que a tua mente juntou ao acaso: ama-te por isso, pelo quanto gostas de escrever, pelo bem que te faz, porque gostas de partilhar sem medos e não queres saber se foste mais, ou menos lida. Já te habituaste a partilhar o que escreves e é essa a verdadeira aventura: partilhar e sair da zona de conforto. Ama-te por chegares a muitos mais corações sem sequer dares conta.
Uma ideia para um desenho? Desenha, sem medos de ser perfeito ou não. Desenhaste o que para ti está bom e não interessa se para os outros está bom. Afinal, o que é a perfeição? Concentra-te na alegria que desenhar a carvão te traz e ama-te por isso.
Ama-te por seres aventureira. Sabes, cada vez melhor, que ser aventureira não implica sair de casa e enfrentares uma floresta. Basta que tenhas força para enfrentares os teus medos, que podem ser descortinados, nós que podes desfazer e, mesmo que não domines os medos, podes aprender a controlá-los e a vê-los por outras perspectivas, desconstruindo o que assusta para que se torne amigável. Ama-te por te descobrires e usares estas novas ferramentas mentais todos os dias da tua vida.
E pára! Pára de pedires desculpa por tudo e por nada — sobretudo, pelo que não controlas. Precisamente por isso: não controlas! Não controlas o tempo, nem o sol ou a chuva. Não controlas o metro ou quanto dura uma viagem de A a B. Não controlas o trânsito, os semáforos e muito menos a resistência do teu corpo a mais ou menos velocidade, peso, energia…
Pára de pedir desculpa só para te sentires confortável. Pára de pedir desculpa por coisas que não são tuas, mas dos outros. Pára de pedir desculpa por empatia.
Ama-te mais, só assim te tornas mais forte. Ama-te mais, só assim dizes a ti mesma que toda e qualquer emoção que tens é válida e importa. Ama-te mais e vais reparar que tu importas, a tua voz importa e que tens tamanho, altura e vigor.
Pára de pedir desculpa e de te encolher. Pára de pedir desculpa até pelo que não fazes…
Pára de pedir desculpa e ama-te mais e verás que a Inêsinha pequenina pode muito bem ser uma Inêsinha enorme! Que -inha é só mesmo a alcunha querida, aquela que só permites que quem te vê gigante te trate por -inha. Não te vejas a ti como -inha pequenininha. És -inha gigante! Se outros vêem, tu também vês! Abre os olhos, olha-te ao espelho, olha na cara da Inêsinha e diz-lhe «Amo-te, Inês!»
Se gostas tanto da palavra «amo-te», começa a usar mais vezes e todos os dias, sem questionares, só porque te amas, porque és a mulher — a pessoa! — da tua vida. Ama-te por todos os motivos. Ama-te sem motivo. Ama-te ao espelho. Ama-te de olhos fechados. Ama-te em cada linha que lês e escreves. Ama-te por cada passo que dás na rua, em qualquer direcção. Ama-te pelo teu poder de decisão. Ama-te por não dependeres de ninguém. Ama-te sem quês, nem porquês.
Ama-te!
Não te esqueças nunca de te amar. Acima de ti, estás tu mesma e, se te esqueceres de ti, esqueces-te de todos e todos de ti.
Tu estás primeiro. Tu és a tua luz e o teu caminho.
Ama-te, sente-te amada e amada serás de volta!
Já nem te lembras de quando inventaste este mantra, mas sempre que o lês, ou usas nalgum texto, sabes bem o peso que carrega e que a Inês, que o escreveu quando mais precisou de o sentir, continua a precisar de sentir, de dizer e ler cada vez mais.
Começa a dizê-lo todos os dias até decorares. Desafio-te!