por Estefânia Barroso

Gosto de sonhadores. Gosto dessas pessoas que mantêm a cabeça nas nuvens, ainda que tenham os pés na terra. Gosto de pessoas que acreditam que a vida pode e deve ser melhor do que a que têm neste momento. Gosto de pessoas que têm objetivos, que não se acomodam e que lutam por eles. Gosto de pessoas que procuram fugir das rotinas. Gosto de pessoas que vão de peito aberto para a guerra porque acreditam na sua luta pessoal. Gosto de pessoas que acreditam que as hipóteses são mínimas, mas que, ainda assim, têm fé nas ínfimas possibilidades que se apresentam e creem que elas são razão suficiente para seguir em frente e atingir um resultado positivo.
Por isso, abomino pessoas acomodadas. Pessoas que vivem um dia atrás do outro sem esperar nada da vida. O típico «vamos andando». Pessoas que se limitam a viver… ou, diria melhor, a sobreviver. O ir andando mata devagarinho, retira gostos, vontades e cores. O mundo passa a ser cinzento. Como se uma neblina cobrisse tudo o que se encontra nele. Os raios de luz passam a ser cada vez menos na vida dessas pessoas que «vão andando», acumulando dias sem cor. Os dias, esses, mais não são do que uma longa sucessão de «coisas poucas» ou de nadas. Uma linha contínua, sem altos e baixos. E, por não haver luz, nem cor, são pessoas que começam a ver o mundo a preto e branco. Provavelmente, será essa uma das razões pelas quais se tornam intolerantes a tudo o que possa soar a boa disposição, a cor, a vida.
É verdade que viver a 100%, sem medos, sem rotinas, sem «vamos andando», lutando para ser feliz, é difícil. Obriga-nos, constantemente, a sair da caixa. Obriga-nos a desafiar o sentimento de aconchego e bem-estar que as rotinas nos dão. Deixa-nos muitas vezes com a sensação de estarmos próximo do precipício. Por vezes, viver desta forma até custa e dói. Avançamos com tudo para a guerra, mas vamos de peito aberto. E, por isso, somos feridos. Feridas imensas que custam a passar, mas… entre o nunca ter vivido estas situações ou vivê-las e ficar ferido, qual será a melhor opção? Na forma como eu vejo as coisas, há que vivê-las e vivê-las a 100%. Há que lutar. Há que expor o corpo às balas, esperando sempre o melhor. E, se o melhor não chegar, sentar, lamber as feridas, curá-las e voltar para a guerra! Penso que só assim a vida poderá trazer coisas coloridas, intensas e verdadeiras. E são esses momentos intensos e verdadeiros que fazem a vida valer a pena e que lhe dão cor.
Li, uma vez, um artigo que referia os cinco arrependimentos mais comuns das pessoas à beira da morte. Lembro-me que grande parte das pessoas se arrependia de não ter aproveitado a vida da forma que queria, tendo vivido da forma que os outros queriam. Passavam também por não se terem permitido ser felizes (porque, muitas vezes, procuramos fazer felizes os outros, esquecendo-nos de nós próprios).
Por isso, tiro o chapéu aos sonhadores! A quem tem a força de vontade para jogar tudo para o alto e aproveitar a vida como bem lhe apetece. A quem tem coragem para desafiar as convenções, desafiar as leis do bom senso. A quem, contra todas as evidências, segue em frente com o firme propósito de procurar a felicidade. A quem não tem medo da guerra. A quem não tem medo de ser ferido. A quem não tem medo de ser apontado pelas pessoas cinzentas ditadoras de regras. A quem procura ser feliz a todo o custo. A quem sabe que a vida é um bem demasiado precioso para a deixar seguir entre lentas rotinas e episódios mornos. A quem sonha e abraça o mundo com tudo o que ele tem para lhes oferecer e consome a vida à boca cheia!
Tiro-lhes o chapéu e afirmo que são eles quem merece uma vida cheia e transbordante porque lutaram por ela! Porque não se limitaram a sobreviver. A eles, apresento todo o meu respeito. O mundo precisa de mais gente assim. Sonhadores precisam-se!