por Sónia Brandão
Voltar a casa.
Voltar aonde sempre fez sentido.
Por vezes, precisamos de dar um passo atrás e contemplar aonde queremos ir de verdade, sem desculpas, sem falsos pretextos.
Na maioria das vezes, conseguimos fazer isso quando regressamos a casa.
A casa, aquela verdadeira casa.
Aquela que nos define, aquela que nos segura nas tempestades, aquela que nos dá forças para seguir em frente sempre que o desastre se aproxima.
Voltar a casa, na maioria das vezes, é somente uma metáfora que define o que somos no nosso íntimo.
A vida tem o dom e o poder de nos fazer perder, de nos mostrar caminhos promissores — encantados, por vezes —, mas que acabam por terminar em becos escuros que nos levam para momentos de volta a casa.
Muitas vezes, optamos, por uma ou por outra razão, por não fazer esse regresso, por não voltar a reconhecer a nossa essência, por não parar e ter a coragem de nos encarar com os olhos abertos e com a mente preparada para a realidade que se esconde dentro de nós.
Porquê?
Porquê a necessidade de nos escondermos de nós?
Voltar a casa não representa mais do que reconhecermos quem somos.
Porque, na maioria das vezes, a vida e as experiências que vivemos alteram quem somos, mas, quando nos vemos de verdade, percebemos que muito do que nos habita ainda é igual, porque nós somos marcados por tudo e transformamo-nos sempre no que menos queremos, sem percebermos para onde vamos.
Por mais duro que seja, por vezes, encararmos quem somos, essa visão dá-nos a imagem real de nós e do quanto necessitamos de voltar atrás, do que temos de melhorar e para onde queremos ir.
Voltar atrás, e contemplar tudo o que nos rodeia, permite-nos ver isso. Permite-nos regressar a quem somos. Permite-nos voltar a casa e iniciar uma nova jornada com olhos diferentes.
O conhecimento de nós e sobre nós é o melhor que podemos esperar e querer da vida.
Regressar a casa, regressar a quem somos, sem que haja preocupação com a visão dos outros, porque essa sempre será condicionada pelas suas próprias vidas.
Sempre que nos deixamos condicionar pela visão dos outros sobre nós perdemos mais um parte de quem somos — e voltamos a entrar em becos escuros, dentro de nós.
Vamos parar, olhar, ver e perceber o que mais importa…
O regresso ao mais puro e profundo de quem somos.
A reconstrução de nós através de nós.
O simples regresso a casa.