Sónia Brandão

por Sónia Brandão

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Um dia, dei comigo a perguntar-me: porque é tão fácil dizer aos outros o quanto os amo, das mais variadas formas, e tão difícil fazer esse mesmo gesto para comigo?

Não deveria eu ser a primeira pessoa a quem digo “amo-te” todos os dias?

O exercício de nos amarmos tem que ser o mais importante do dia. Sem ele, é quase impossível amar aquilo que nos rodeia, seja o mundo de uma forma geral, ou todos aqueles que habitam o nosso mundo.

Eu amo-me!

Amo todas as imperfeições que me fazem ser eu!

Amo cada sorriso que aparece no meu rosto, porque a memória faz-me voltar a momentos em que eu não era o eu atual, mas uma versão diferente de mim mesma.

Tenho orgulho nas crateras que povoaram a minha existência e que me trouxeram até aqui.

Tenho orgulho nas batalhas que ganhei — principalmente, contra mim. Tenho orgulho na forma como limpei as lágrimas, e procurei o sorriso tímido no meio das minhas batalhas.

Tenho orgulho de onde estou hoje. Tenho orgulho na pessoa que sou hoje.

Tenho orgulho de não estar presa ao passado. Tenho orgulho na memória que me habita e impulsiona a ser diferente, a tornar-me uma melhor versão de mim, para mim.

Tenho orgulho no facto de não ter quebrado as amarras que me prendiam, as expectativas dos outros, e ter renascido para viver as minhas próprias expectativas.

Tenho orgulho em todas as lágrimas que escorreram pelo meu rosto. Tenho orgulho em todos os sorrisos comprometidos que esbocei. Tenho orgulho nas falhas que tive, porque nada as pode mudar e eu não me posso permitir ficar a sofrer por elas. Tenho orgulho em todas as gargalhadas que dei.

Tenho orgulho em mim!

Tenho orgulho de ser quem sou!

Vamos festejar o amor próprio!

Vamos ter orgulho em quem somos, e no caminho que fizemos até aqui, porque só assim vamos avançar.

Deixemos o passado no passado, o presente no agora, e esperemos pelo futuro —  porque ele vai chegar, mesmo quando não estamos preparados para ele.

PS: Este é o meu testemunho. Faz o mesmo, porque raramente olhamos para nós. E, se não o fizermos, não existimos. E, sem existirmos, o que nos resta?

 

About the Author: Sónia Brandão
Sónia Brandão
Apaixonada por palavras, aprendeu, desde nova, a criar realidades paralelas na sua mente — onde tudo era possível. "Amor de Perdição" foi o primeiro livro que leu. Tinha 13 anos e foi a mãe que lho sugeriu para se ocupar. Desde então, nunca mais parou de ler. Durante alguns anos, no entanto, parou de escrever: sentiu que tinha deixado de fazer sentido. Mas o confinamento fê-la regressar à escrita com mais força e determinação. Este ano, surgiu a vontade de partilhar com os outros o que coloca no papel.

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  1. maria reis 17 Junho 2024 at 12:13

    Excelente!

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