Ano novo, desejos antigos

Normalmente, a passagem do ano é sempre acompanhada por muitos desejos e uma série de outros clichés, como as passas e a cor da roupa. Se calhar, esquecemo-nos que o mais importante é o ano que encerra e não o ano que começa. O novo ano é uma página em branco, mas o ano que finda é uma página escrita. São acontecimentos registados que não se apagarão. É história e não incógnita.

Talvez, por isso, em vez de desejar tudo para o novo ano, devessemos agradecer o que se passou. Como quando o pano cai, no fim da peça, e os atores fazem os devidos agradecimentos. Demonstremos Gratidão pelo que se teve em vez de desatarmos a pedir mais para o futuro.

Cada um sabe o que terá a agradecer e a quem também.

Agradeço por ter um lar e o essencial para uma vida digna. Agradeço pela saúde e pela sua recuperação quando esta falhou. Agradeço pelo facto dos meus se encontrarem bem e de, neste ano, não ter partido ninguém. Agradeço pela força que veio do nada quando tiveram que ser enfrentados desafios. Agradeço as lições que me foram ensinadas mesmo aquelas que doeram. Agradeço a todos aqueles que — não só aos que estão sempre por perto, mas também aqueles que, mesmo de passagem na minha vida e sem o saberem — tornaram o meu dia um bocadinho melhor. E agradeço outras tantas coisas, mas que guardo para mim.

É claro que tenho desejos para o novo ano, mas, ao contrário do ano, alguns desses desejos já são bem antigos, como ter paz, muita saúde e outros que aqui não revelarei porque, se há algo que aprendi, é que não se deve espalhar os desejos ao vento, mas guardá-los junto ao coração, o sítio onde mora a esperança. E a gratidão.

E esperemos que, no fim do próximo ano, tenhamos mais pelo que agradecer.