Onde mora o silêncio que grita

Na viagem da vida, somos muitas vezes desafiados a vestir o sorriso como armadura e o «está tudo bem» como escudo. Tornou-se quase um reflexo automático – encontramos alguém e, antes sequer de pensarmos, já estamos a dizer que está tudo bem. Mas será mesmo assim?

Quantas vezes usamos essa resposta para esconder aquilo que nos pesa no coração? Não é por mal, mas porque não queremos justificar o que sentimos, nem tão pouco preocupar quem nos rodeia. Queremos, sobretudo, proteger os outros. Porque achamos que mostrar as nossas fragilidades pode ser um incómodo. E, assim, guardamos para nós as batalhas que travamos em silêncio.

Mas a verdade é simples: esconder o que sentimos não nos protege – isola-nos.

Quando fingimos estar bem o tempo todo, fechamos a porta à empatia, ao apoio mútuo e, acima de tudo, à conexão real com quem nos quer bem. As nossas pessoas-estrelas. Criamos uma distância entre o que mostramos e o que somos de verdade. E essa distância pode tornar-se num lugar solitário.

É a hora de mudarmos isso.

É a hora de reconhecermos que não há problema em não estar bem. Sentir tristeza, melancolia, frustração ou insegurança não nos torna fracos – torna-nos humanos. A força verdadeira nasce da coragem de sermos honestos connosco próprios e com os outros.

Já imaginaste o poder de uma conversa onde alguém te pergunta «como tens estado?» e a tua resposta ser genuína, sem máscaras? Já imaginaste o alívio de poder dizer «hoje não foi fácil» e ouvir do outro lado «eu percebo-te, estou aqui para ti»?

Acredita: a mudança começa em nós.

Quando damos o primeiro passo e partilhamos o nosso “eu”, o que habita dentro de nós, o que nos vai na alma, abrimos caminho para uma nova forma de estar e de ser – mais verdadeira, mais empática e mais livre, criando espaço para relações autênticas, puras e genuínas.

Cuida de ti.

Escuta o teu coração.

Pára por uns instantes. Sente esse tempo que é só teu e reflete.

E, quando precisares, procura alguém com quem possas ser totalmente tu. Não precisas carregar o mundo às tuas costas. Às vezes, basta alguém que escute com o coração.

Na próxima vez que te perguntarem como estás, faz uma pausa. Respira fundo. E, se sentires que o «está tudo bem» não é real… não o digas. Porque o mundo precisa da tua autenticidade. Precisa da tua história. Precisa de ti, tal como és.

E não te esqueças: há beleza na imperfeição e coragem na vulnerabilidade.

Não finjas luz quando há nuvens.

A tua voz merece espaço.